domingo, 30 de novembro de 2008

Conselhos de um velho apaixonado






Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida. Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem dágua neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês. Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Algo do céu te mandou um presente divino : O AMOR. Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e,em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro. Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas Lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida. Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados... Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado... Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais. Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida:
O AMOR !!! Ame muito.....muitíssimo.......



Carlos Drummond de Andrade

Poemas Avulso 1


Caminho como sempre caminhei
Dentro de mim
Às vezes ainda penso acreditar
Que à minha volta tudo pode
Voltar a ser como um dia foi

Acredito em ti, mas depressa vejo que a mentira
É já intrínseca
E que já não adianta procurar nas aves
O brilho das manhãs de aurora.
És uma pequena ilusão que criei dentro de mim
Para servir o propósito último: amar sendo amado…
Já não acredito em mim…
Amo o que julgava odiar
E desprezo o que outrora me amou
Loucura?
Talvez
Já não sei distinguir…
Sinto que sempre foi assim
Que é apenas assim que sei viver
Ou fingir que vivo

Vou dando noticias!
Escrevo num postal em branco
Poemas Avulso 2


Amo-te sem querer
E sinto ódio deste sentir que não me larga as penas
Que fica colado aos dedos como substancia peganhenta
Sim, é exactamente isso que és, não passas de uma massa peganhenta que se me colou aos dias e à vida
Sacudo-te do capote nos dias de frio e de chuva mas continuas imóvel sem a mínima das intenções de me deixares em paz
Quando pergunto o que queres dizes que vieste para ficar, para me fazeres feliz.
Mais uma mentira desse rol que não tem fim
E mais uma vez limpo os dedos ossudos ao lenço de linho branco
E no espaço entre a unha e a carne um pouco de ti fica para me lembrar que existes
Que é bom viver perto de ti
Contigo
Mais uma mentira que invento para poder sorrir
Poemas Avulso 3


Passei o dia a pensar em ti
Tricotei mil formas de te agradar
E tu esboças um sorriso forçado quase plástico
Para dizer que sim, que me amas
Sem convicção é certo
Mas eu quero acreditar
Então construo um papagaio de papel
Ironicamente perguntas para que serve um jornal velho
Não é um jornal, meu amor
É um lindo papagaio tropical com todas as cores do meu amor por ti
Fi-lo para te seguir sempre que te sinto ausente de mim
Precisas de espaço
Precisas de um espaço onde eu não esteja…
Quando olho para o saco
Tudo o que tricotei se transformou de novo em meada
Começar de novo? Penso
Sim, recomeçar onde tu não estejas
Adeus, fui com as aves
Poemas Avulso 4


Desenho um sol
E o calor invade o meu corpo
Uma sensação de dormência agradável, de verão
Toma conta de mim
Sinto-me feliz

Tu desenhas uma nuvem carrancuda
Que é soprada por um vento norte ainda mais zangado
Para me tirar o calor e a paz.

Amo-te! Dizes
E eu sei que sim, e fico feliz aninhado à lareira com os gatos ouvindo a tua voz do outro lado.
A tua voz não tem um dono, não possui um corpo
É etérea
Visita-me para me retirar o sono

Abro uma garrafa de vinho
Encho o copo até meio
Bebo-o de um trago e uma lágrima rola pela face que momentos antes a tua voz tinha acariciado
Eu sei meu amor, contigo sou feliz

sábado, 29 de novembro de 2008



Poemas Avulso 5


A poesia é o meu supremo reduto
O poema é sempre o melhor confidente
Ouve as minhas penas, sabe de cor os meus amores e dissabores
E nunca me aponta o dedo.
Sabe que apesar de o riscar, vai nascer de novo, diferente do que foi
E sempre…

O poema sabe que te amo sem nunca te ter tocado

Tocas muito mais fundo a minha alma
E todo o meu corpo estremece
Vivo para te ver chegar
É o que lhe conto
E ele escuta com a atenção que não me dás

quarta-feira, 26 de novembro de 2008


"Há três coisas na vida que nunca voltam atrás:

a flexa lançada,

a palavra pronunciada

e a oportunidade perdida."


provérbio chinês

o tempo nasce turvo e asfixia o corpo.

no pensamento curvo, a memória de um diabo em cuecas

deambula pelos recantos da memória.

eugénio cantou um dia um poema é uma fonte de luz,

uma luz intensa que ofusca e que queima o olhar;

se o amor é poesia,

porque se encontra então a minha alma tão cheia de escuridão?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

poema sem alma


o POEMA salta à vista

como caneta SEM tinta

palavras incompletas

soluços da ALMA



estou magoado ainda

mas já me esqueci

o dia apenas rumina o que

não me foi dado a conhecer

de ti, de nós



vejo que se adivinha a hora

a mesma velha e triste

de nunca te conhecer,

de provar da tua carne,

ficar embriagado com o teu odor



vou pelas esquinas buscar-te

no sexo de outros corpos meus

adeus.

digo.

nunca nos conheceremos




quase uma estória


Tinha o cigarro como única companhia enquanto esperava o som da porta a ranger lá em baixo e passos ao fundo do corredor. Isto se não contarmos com os gatos, que se iam reproduzindo a um ritmo alucinante sem que ninguém, ou quase, desse conta. Queima os dedos com o borrão do cigarro, e só se apercebe quando tenta dar uma passa e se solta um travo demasiado adocicado para o seu paladar.
O som nunca mais se apressava a chegar, por isso resolve servir mais um whisky e seguir viagem em frente ao computador.
Na página já bem conhecida dos agora hábeis dedos já alguém reclamava a sua presença.
Apanha o cabelo, coça o nariz e apressa-se a responder: -Esperava que alguém batesse à porta do meu coração, mas continua em silêncio…
Do outro lado, um estilo de escrita ia-se tornando familiar, muito mais do que à primeira vista seria de esperar... Sentia-se confortável e fluído em frente ao seu novo amigo virtual. Na sua cabeça uma ideia de pessoa começa a tomar forma, a ganhar contornos como se estivesse ali mesmo à sua frente. Desenha-lhe os gestos, os maneirismos e os sorrisos abertos na sua direcção. Uma nova confiança nasce de tão notável relação.
Uma paixão avassaladora tomou conta do seu corpo franzino e da mente fraca.
Pronto para o próximo passo. Visitá-lo em sua casa, raptá-lo à sua vida vazia e rotineira, levá-lo nos braços para uma vida nova, onde se pudessem amar sem distâncias, onde um teclado e ícones tão expressivos não tivessem que ser as únicas formas de expressão.
Eis que se faz à estrada.
Viaja como se não houvesse amanhã, apenas os quilómetros a passar no visor e uma imagem bem definida na sua mente: Aquele homem!
Chega.
Procura.
Encontra a casa.
Bate à porta.
Não era ali.
Aquele nome, aquele rosto, aquela figura não existia para aquela morada. Era apenas uma morada de silêncio. E em silêncio algumas lágrimas não contidas apressaram-se a deslizar rosto abaixo como se os seus olhos fossem barragem no limite das capacidades. E todo o seu corpo se transformou num pequeno ribeiro por onde passeavam girinos que nunca poderiam vir a tornar-se rãs dignas desse nome. Deambula sem destino e sem sentido. Sente-se traído por si próprio. Traído por se sentir atraído…

Regressa a casa, ao mesmo teclado, à mesma página com outro cigarro entre os dedos e no copo o final da garrafa de whisky. O mesmo homem surge no ecrã. O mesmo não. Outro. Embora a morada de correio electrónico fosse a mesma, para si Norberto era apenas um buraco negro, vazio e silencioso. Destituído da forma que anteriormente lhe tinha dado.
Novamente a barragem transbordava enquanto lhe saíam palavras desconexadas vazias sentido para o outro lado: “tentei ser teu, amar-te e amar o falso ouro, mas não…”
Amigos como nunca.
Porta trancada sem passos na escada.
E só de novo por muito mais tempo...