"Carl on a Pedestal"
"Não mais! Não mais! que eu esqueça que te tive,
"Não mais! Não mais! que eu esqueça que te tive,
e tu me esqueças debruçado em ti!
Que tudo seja como outrora eu vi:
uma figura ao longe recortada,
e fina e esbelta, ou suave e alongada,
não tão distante que não me entendas
nem tão perto de mim que tu me vendas,
no mesmo corpo belo, o que não vive
nesse teu rosto ou sob a tua pele:
uma malícia esplêndida, capaz
de se entregar violenta quando a impele,
sem mais que orgulho, a força juvenil.
Assim será que, em mim, teu corpo jaz.
e sem nos lábios o sorriso vil.
mas como há-de teu corpo em mim ter paz?"
Jorge de Sena